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  • Carlos Miguel Pacheco

O EQUILÍBRIO INVISÍVEL

Updated: Jan 24, 2020


De manhã, quando acordo, tenho as mesmas sensações que qualquer outro ser humano. Tenho os mesmos instintos que me conduzem a suplantar mais um dia com todos os seus momentos de vitórias e derrotas, acontecimentos que definem bons e maus momentos. Do mesmo modo, ponho-me as mesmas questões que são comuns ao subconsciente da maior parte de nós e que nos conduzem às mesmas interrogações, dúvidas, mesmo receios e que representam um elemento constante na vida de cada forma inteligente de vida. Qual é o propósito final da nossa existência?

Devemos saber ou ter a percepção de que o mais ínfimo acontecimento que ocorre na existência está ligado com o resto, o "todo" que nos rodeia. A dificuldade na interpretação deste fenómeno, é o não conseguir acompanhar a lógica e o "equilíbrio invisível" que foi imposto aos seres humanos, mesmo considerando o grau de evolução científica e tecnológica atingidos pela sociedade dos nossos dias, passo a passo, no decorrer de todos estes séculos.

Lemos artigos nos jornais e revistas, compramos livros para saber a que ponto é que o conhecimento humano nos conduziu, as conclusões daqueles que estão profundamente envolvidos nesse tipo de pesquisa que nos leva a inúmeras explicações; algumas de cientistas, outras de filósofos, inclusivamente oriundas de pregadores isotéricos.

Para pessoas que seguem todas estas conclusões, estas explicações poderão parecer plausíveis; para outras, simplesmente meras suposições baseadas na pesquisa sobre as nossas origens como seres humanos. Algumas perguntam como é possível que cientistas se possam pronunciar sobre acontecimentos naturais que ocorreram há "milhões de anos".

A ETERNIDADE e o INFINITO implicam a noção de um "nunca acabar", portanto, as eventuais conclusões sobre este domínio estão directamente relacionadas com esta dúvida que invade o nosso espírito. O facto de a humanidade questionar estas duas palavras demonstra igualmente que existe uma ligação entre os nossos instintos, as nossas percepções, e a forma científica de abordar esta matéria.

Da mesma forma, estas questões sobre ETERNIDADE e INFINITO estão relacionadas com noções sobre VIDA e MORTE que estão presentes no nosso espírito desde o momento em que nascemos. Nesse mesmo momento existem duas questões que se apresentam. Porquê a VIDA e porquê a MORTE?

Complementarmente, como estamos submetidos à nossa realidade, a desta dimensão, estamos automaticamente condicionados à limitação ou "ignorância" que nos foi imposta pela CRIAÇÃO, ou pelo CRIADOR. Continuamos a procurar respostas que são fundamentadas em designações trazidas pela ciência, pela filosofia ou pela religião, conforme a sua aplicação no seio da sociedade. Estas mesmas definições têm um objectivo particular, mas foram criadas pelo homem e não pela CRIAÇÃO propriamente dita.

No entanto, existe um pormenor importante. Mesmo sem mencionar o nome de cientistas famosos, sem saber meio por cento das teorias que se concentram em torno desta matéria, algumas pessoas atingem conclusões que se adaptam a certos resultados oriundos de pesquisas neste domínio, sobretudo tendo em consideração e comprovando que, mesmo neste campo específico da ciência, as dúvidas sempre persistem.

A realidade é que se tivéssemos pedido a Albert Einstein ou qualquer outro grande cientista da actualidade, que escrevessem num quadro a fórmula que traduz o seu coeficiente de inteligência, nenhum seria capaz de o fazer senão de uma forma subjectiva. Isto traduz simplesmente que:

EXISTEM MATÉRIAS, SOBRETUDO DIMENSÕES QUE NUNCA PODERÃO SER EXPLICADAS!

Esta simples conclusão é igualmente extensiva a múltiplas circunstâncias na vida, nomeadamente relacionadas com FÉ e SENTIMENTOS, por exemplo. De facto, ninguém conseguirá traduzir por uma fórmula matemática os seus sentimentos de AMOR e AMIZADE, ALEGRIA, TRISTEZA e a suas implicações, nem as suas CONVICÇÕES religiosas ou morais, muito menos os seus VALORES existenciais. Isto apesar de alguns cientistas que receberam o Prémio Nobel terem conseguido estudar e traduzir por escrito o comportamento do ser humano através de fórmulas matemáticas, nomeadamente as suas reacções e atitudes no seio da sociedade.

GESTOS, ATITUDES, COMPORTAMENTOS e REACÇÕES foram objecto de análise do nosso comportamento, no entanto, toda essa informação científica foi obtida do estudo de comportamentos, mas nunca provenientes do ESPÍRITO, da ALMA do ser humano.

A incerteza sobre as noções de ETERNIDADE e INFINITO constituem a motivação para continuar a caminhar nesta incrível e misteriosa estrada da VIDA. Em contrapartida, se estivéssemos inteiramente convencidos sobre a existência destas suas componentes, a VIDA seria completamente diferente, mas não forçosamente melhor.

Noutras palavras; se soubéssemos todas as respostas sobre a razão da nossa existência, isso quereria dizer que já estaríamos muito longe desta dimensão, portanto, aptos a compreender as nossas raízes, a nossa ORIGEM.

Isto faz-me lembrar o momento em que conheci um indivíduo, há muitos anos atrás, quando ainda vivia no meu país. Um dia, por razões pessoais, decidi dar um passeio na montanha. Sentia a necessidade de me questionar existencialmente; uma forma de introspecção muito necessária nesse momento especial da minha vida. Num certo momento, ele aí estava, sereno e tranquilo no meio do "nada".

Depois das habituais apresentações e após uma conversa trivial sobre a natureza e outros assuntos do quotidiano, e talvez devido à serenidade que nos rodeava, começámos a abordar assuntos mais complexos, como a nossa EXISTÊNCIA. Nesse momento, aquele indivíduo que tinha um aspecto muito simples, mesmo primitivo - certamente devido ao meio em que tinha sido criado - começou a expressar através de humildes palavras, que a "fonte" da VIDA não é mais do que ENERGIA e LÓGICA. Afirmou que entre estes dois elementos, a CRIAÇÃO introduziu os SENTIMENTOS como factor de equilíbrio entre os mesmos. Por essa mesma razão, os seres humanos são diferentes de qualquer outra espécie animal e mesmo isso é questionável.

No seu entender, na sua percepção sobre a nossa EXISTÊNCIA, não existe mais nada porque esses dois elementos deram origem a tudo o que nos rodeia, nomeadamente à CRIAÇÃO propriamente dita. Na sua linguagem, tentou explicar que a nossa proveniência não é mais do que um "fluxo de energia", um local onde éramos conhecedores do "todo" Universal porque fazíamos parte dele, e que voltaremos a esse "fluxo" de ENERGIA e de LÓGICA; um conceito a que usualmente apelidamos de reincarnação.

Na sua mente, não existiam noções sobre "Big Bang" ou "buracos negros" no cosmos, excepto que, eventualmente, nos conduzirão a esse mesmo local; o que significa simplesmente que todas as definições possíveis sobre a sua presença não alterarão a finalidade da sua existência. Alguns poderão chamar-lhe ignorância, mas se pensarmos bem, existia uma noção básica e intrínseca em termos de EXISTÊNCIA que vivia no interior deste simples e humilde ser humano. Essas percepções fazem parte do:

EQUILÍBRIO INVISÍVEL DA VIDA!

No presente, na medida em que a ciência e a tecnologia continuam a explorar todas as vias possíveis que conduzem à evolução da humanidade, existem cada vez mais pessoas em todas as classes sociais a pôr as mesmas questões existenciais e espirituais. Perguntam se um dia existirá uma resposta para estas dúvidas, mas ao mesmo tempo todos sentem algo que reside essencialmente no nosso interior, algo que nos anima apesar de todo o nosso desconhecimento: ENERGIA, SENTIMENTOS, e se pensarmos bem, LÓGICA, mesmo que não nos seja permitido conhecê-la completamente. Tudo isto constitui nada mais do que a VIDA.

Independentemente da necessidade e dependência adquirida que a sociedade tem em relação à Ciência e Tecnologia, como componentes fundamentais para a nossa evolução como espécie, deixemos as questões básicas e profundamente existenciais sejam respondidas pela CRIAÇÃO propriamente dita e através das nossas percepções e convicções. Estejamos conscientes de que a explicação final nos será dada no momento em que voltaremos a ser reintegrados nesse "fluxo Universal" de ENERGIA e de LÓGICA. Deixemos os cientistas continuar com as suas pesquisas como meio de evolução, desde que contribuam para o bem-estar da Humanidade. Tudo o resto faz parte do "mistério necessário da VIDA".

Luxemburgo, 2 de Outubro de 2008

Carlos Miguel Pacheco

PS: este pequeno e humilde ensaio foi dedicado a um grande amigo, já falecido, que passou a sua existência a tentar compreender e ensinar os seus alunos sobre as suas noções nesta matéria. Professor Universitário de Filosofia na Escola Europeia e escritor, Michael Woods trouxe-me profundos ensinamentos através de horas, dias de diálogos complexos e necessários para a nossa sobrevivência intelectual, a procura da nossa ORIGEM, as nossas dúvidas sobre a ETERNIDADE e o INFINITO.


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