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  • Carlos Miguel Pacheco

A PORTA LUMINOSA


Adormeci e sonhei que duas dimensões do Tempo se tinham cruzado em sentidos opostos. Tinha sido no meio desse percurso que o nosso segmento temporal tinha nascido, onde tínhamos vivido sem nos apercebermos que o Tempo não tem princípio nem fim. Não compreendíamos que o Tempo não tem tempo a não ser o seu próprio trajecto ao longo do "movimento Universal". Ignorávamos que existem diversas dimensões de Tempo que transcendem o ínfimo segmento de tempo que nos foi reservado.

Sonhei que começámos a envelhecer a partir do momento em que iniciámos a contagem do tempo, sem que pudéssemos identificar as duas correntes do Tempo; o Tempo em direcção ao Passado, e o Tempo em direcção ao Futuro. O nosso segmento de tempo, não era mais do que o Presente, e estávamos prisioneiros nesta dimensão temporal.

Sobrevivíamos no nosso segmento de Tempo, tendo a sensação que lutávamos contra ele, contra o momento em que atingiríamos o nosso momento final, convencidos que tínhamos gasto todo o tempo da nossa existência, quando na realidade esta era extensiva ao "Tempo Universal".

Tínhamos a percepção de que, num ponto desconhecido do nosso "segmento de tempo", existia uma "porta" para o "Tempo Universal". No nosso subconsciente, reinavam as imagens e memórias dessa "porta luminosa" que tínhamos atravessado, sem termos a consciência de que voltaremos a atravessá-la.

Nesse sonho, apercebi-me que todos tínhamos medo, no entanto, só pedíamos para poder atravessar essa "porta" sem sofrimento, sem receio nem dúvidas, todos esses elementos que tinham contribuído para a degeneração dos nossos valores e princípios como seres humanos. Sim, era essa incompreensão, esse medo sobre o aparente "momento final" que tinham provocado todos os excessos, originado as fobias de poder e grandeza, provocado guerras e genocídios em nome da Religião, da Politica e múltiplos falsos valores, criando falsos profetas e demagogos, arrastando a Humanidade para um estado de descrença total sobre a nossa "origem".

No sonho, vi os seres humanos a caminharem para o "abismo da descrença" sobre a sua própria existência, a abandonarem os seus valores de compaixão, amizade, bondade e amor, em benefício da pretensa evolução da Ciência e do Progresso. Deslumbrei imagens da Humanidade em que o calor humano tinha sido substituído por um ecrã de telefone, onde todos começavam a interpretar a sua existência como o resultado de uma programação de um computador em que só tinham que carregar num botão para poderem viver. Já nem era preciso utilizar a nossa inteligência, aquela que nos foi dada pela Criação propriamente dita.

Sonhei que, subitamente, essa "porta luminosa" se abriu e dela saiu uma entidade que esclareceu a Humanidade.

Sonhei que, nesse momento, o nosso "segmento de Tempo" se transformou num "todo", deixou de existir, e a Humanidade começou a sorrir.

Carlos M. Pacheco, Luxemburgo, 23 de Novembro de 2017


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